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LEITORES 30 MINUTOS COM UM ESTRANHO

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26/10/2010

Adolescência Rebelde

Eu sou a Paty mais conhecida como Pyo.
Sempre fui uma pessoa complicada. Minha vida nunca foi fácil e eu já fui várias pessoas em uma só.
Acho que vocês não estão entendendo nada né?!
Mais vou tentar explicar.
Eu era a melhor em tudo que eu fazia, até que veio a fase da adolescência e eu mudei muito. Tornei-me uma pessoa rebelde e mal educada por várias vezes fiz meu pai e minha mãe chorarem e se preocuparem comigo.
Tive vários tipos de amigos e vários tipos de experiência também.
Quando tinha 15 anos entrei em depressão e veio a segunda fase da minha vida.
Eu não queria saber de ninguém e para me esconder comecei a fantasiar coisas e vidas que eu não tinha.
Acabei ficando sem amigos e ninguém queria mais ver a mim ou sair comigo. Todos me abandonaram ou eu acabei abandonando todos. Isso eu ñ sei!
Só uma pessoa me entendia e me ajudava em tudo!
Meu irmão era quem sempre me dava forças, fingia que acreditava em mim ou as vezes me jogava a verdade na cara para que eu aprendesse. Ele era o máximo. Para meus pais era o filho perfeito...
Era ótimo aluno, campeão em lutas de defesa pessoal. Eu, particularmente nunca o vi lutar, mas sabia que ele era o melhor. Tocava violão como ninguém, além de compor músicas e desenhar muito bem.
Não tinha uma pessoa que eu admirasse mais que ele
Eu acabei saindo da depressão no ano de 2007 e recomecei a vida.
Formei-me e entrei na facul de direito no dia 04/04/09.
Casei-me com o melhor amigo do meu irmão e estava sendo a pessoa mais feliz do mundo, tudo estava perfeito: meus pais haviam me perdoado por tudo que eu fiz, meu irmão estava namorando uma menina show e continuava treinando.
E eu havia me casado com o único homem que amei nos meus 21 anos de vida.
Só que no dia 14/04/09 aconteceu uma coisa sem explicação. Uma tragédia, um desastre um tiro... É, um tiro interrompeu a vida de glórias e de felicidade que meu irmão tinha pela frente.
Sabe qual é o pior? O tiro foi disparado pelas mãos dele próprio.
Nesse maldito dia às 16h00min da tarde após ter falado comigo e termos zuado um com o outro eu deixei meu irmão em casa e fui até a minha.
Atravessei o quintal, entrei em casa, liguei para o meu marido, acendi meu cigarro, sentei na cama e escutei o barulho mais doloroso que meus ouvidos podiam ouvir. Um tiro... Um tiro de dentro da casa dos meus pais. Tiro que meu irmão deferiu contra a própria cabeça.
Sua morte foi imediata. Meu marido chegou em casa em menos de três minutos. Quando arrombou a porta era tarde demais. Meu irmão estava ali jogado ao chão, morto, sem vida, sem aquele sorriso que alegrava a todos. Apenas ali caído como se estivesse dormindo.
O meu desespero foi grande, mas como em um surto enxuguei as lágrimas e tomei conta de tudo.
Esperei meu irmão ser liberado do IML. Escolhi o caixão, o lugar que ele iria ser enterrado. Tudo, e não consegui derramar uma lágrima mais até hoje.
Meus pais estão levando a vida. Minha mãe está enlouquecendo. Meu pai finge ser forte, mas está extenuado por dentro.
O que ninguém consegue entender é porque essa resposta ele não nos deixou.
Ele era o melhor, alegre, amigo de todos, sempre teve tudo e não foi falta de amor, pois meus pais sempre o tiveram como o melhor da família.
Em alguns momentos eu penso que ele só esperou o meu casamento, esperou realizar a vontade que ele tinha de ver minha vida ter um rumo firme, ver-me feliz, casada com o Silvio, com minha casa, dando aos meus pais a alegria que eles mereciam.
Em outros momentos me culpo. Acho que eu deveria ter ficado em casa com ele, mas no fundo o que tem em meus pensamentos é nada mais que meros espaços vazios procurando em alguma frase dele, em algum gesto o porquê dessa atitude.

(Merari Tavares, 2009, Histórias da Vida)

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